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8M: mulher, você tem medo da sua potência? por @digavulva

8M: mulher, você tem medo da sua potência? por @digavulva

Você foi ensinada a ter medo, então a culpa não é sua. Existe ainda um ponto em comum na experiência da maioria das mulheres em relação à própria sexualidade: o medo.
Como tudo isso começou

Na adolescência, quando temos a "sorte" de ter acesso a alguma educação sexual, é muito comum que esta seja focada na abordagem das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) — quase sempre de uma forma estigmatizada — e claro, da gravidez. Ou seja: nessa fase da vida, nasce o medo de sofrer as "consequências do sexo".

From a (much) more innocent time: Vintage sex education LPs | Dangerous  Minds

Que fique nítido: abordar ISTs e gravidez é sim essencial, pois fazem parte do universo da sexualidade e são parte das situações do cotidiano. Porém, o sexo não se resume a isso - muito menos a sexualidade como um todo. O medo não é sinônimo de responsabilidade. Acredito que o conhecimento cria responsabilidade, não o medo.

Pois bem: com uma visão focada apenas em aspectos biológicos e riscos, é normal que fique em segundo plano o espaço para discutir sobre prazer, sobre conhecer o próprio corpo ou mesmo sobre a importância do consentimento, do respeito e da comunicação com as possíveis parcerias.

Para quem esses medos pesam mais? Para as mulheres. No caso, ainda meninas.

Amadureceu? E sua perfomance na cama, como está?

A partir das primeiras experiências com outras pessoas, surge quase que automaticamente o desejo de impressionar. De ser boa, de ser excepcional. E com isso, ele de novo: o medo de não ter uma boa performance.

Mas nós sabemos que essa sensação não surge tão automaticamente assim. Existe um reforço social e midiático para que essa necessidade de agradar o outro e a performance sejam a grande prioridade para as mulheres.

E mesmo que algumas pautas já tenham ganhado seu devido espaço e estejam sendo desenvolvidas cada vez mais, será que já temos uma boa base para usufruir ao máximo dos benefícios que elas podem oferecer na nossa vida, no nosso corpo e no nosso prazer?

Como é possível brindar a liberdade sexual feminina com um drink cuja base é feita de tantos medos batidos juntos?

Eu também não sei a resposta, mas sinto que felizmente estamos nos movendo nesse sentido. Surge e se fortalece um movimento de uma sexualidade realmente positiva.

Invertendo a lógica, como sempre fizemos

Eis aqui o ponto principal: o que deve nos mover não deve ser a superação desses medos, e sim os nossos sonhos.

Qual a sexualidade que sonhamos como mulheres e, principalmente, com qual sexualidade você sonha?

Ter mais tempo para si mesma? Nutrir a sua libido? Ter mais orgasmos? Se sentir desejada exatamente do jeito que você é? Ter relações realmente significativas? Se sentir sempre mais feliz após o contato com outras pessoas? Aproveitar cada segundo, cada toque, cada olhar?

Quais desses ingredientes fazem parte do seu sonho? Não é fugindo dos medos que você vai alcançar a plenitude que você merece, e sim no que você quer e busca — e convence a si mesma de que merece.


Se pergunte hoje como a sua relação com o seu corpo e com o seu prazer pode ser cada vez mais íntima, com maior conexão e presença.

Liste tudo que você sonha em experimentar com você mesma e com a(s) sua(s) parceria(s) de forma segura e 100% imune a qualquer julgamento. Liste, mesmo que para si mesma.

 Eu quero que você brinde conhecimento, prazer, responsabilidade, leveza, alegria, bem estar, experimentação, intimidade; pois todos estes se combinam perfeitamente. Te desejo a verdadeira liberdade: a de não ter medo.

 

Victoria De Castro é educadora menstrual. Bióloga e professora de formação, é fundadora da DIGA VULVA®

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