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Visibilidade trans: transição e mudanças no sentir da sexualidade

Visibilidade trans: transição e mudanças no sentir da sexualidade

Por muito tempo foi dito que eu nasci no corpo errado. Agora chegou o momento de eu dar um novo sentido ao meu corpo.


- Linn da Quebrada


Janeiro é o mês da visibilidade trans.

Foi nesse mês no dia 29 e no ano de 2004 que ocorreu o Ato Nacional para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito” realizado em Brasília. 

Desde então, em janeiro reafirmamos a luta diária e necessidade de dar cada vez mais voz e espaço para as pessoas trans, não-binárias e travestis. 

As lutas políticas para a comunidade trans se estendem desde a direitos básicos como o nome social válido em documentações até mesmo a defesa da segurança e da integridade física desse grupo. 

Garantir que corpos trans ocupem espaços de forma segura e que possam sobreviver ainda é infelizmente uma pauta muito inicial no Brasil. Os descasos e falta de políticas públicas que atendam a comunidade trans se estendem até mesmo aos ambientes de saúde. 

Os corpos trans lutam para existir e para celebrar a própria existência. Por isso, um mês dedicado a dar visibilidade a essa luta e as suas pautas, é tão necessário.

 

Os corpos mudam, o sentir também muda

Quando alguém transgênero decide pela terapia hormonal, as coisas mudam bastante: o tesão aumenta ou diminui, a pele muda, a forma como experienciamos sensações muda... Essas mudanças também afetam os olhares que recebemos, a forma como navegamos no mundo dos nossos afetos, quem atraímos e quem nos deseja.

As mudanças que se constroem através da transição e que reafirmam quem somos precisam ter mais elucidação e menos medo envolvido. Precisam ser celebradas.

E muita coisa não se fala. Afinal, o sexo e a sexualidade ainda é tabu. Os corpos trans são ainda tabu. E quando a gente junta os dois, as referências somem do nada. Mesmo quando alguns aspectos médicos são mais conhecidos e divulgados, não são tratados como uma forma de reafirmar a existência trans de uma forma positiva. 

Além disso, ouvimos falar bem menos de aspectos da vivência durante a transição que diz respeito a redescoberta da erotização dos próprios corpos, da própria sexualidade e mais, de como experimentar esse momento de forma segura. 

Essas informações são necessárias não apenas pra quem é trans, mas também pra quem é cis. Para quem deseja conhecer e entender o outro e sua vivência.

 

Corpos trans e as mudanças na transição 

Então, vamos abordar essas questões tão não-faladas por aí. Mas sem desespero, medo e avisos de perigo iminente. É claro que em uma publicação só não vai dar pra explicar tudo, mas podemos começar com algumas mudanças comuns na terapia hormonal (TH) e como elas afetam nossa sexualidade, nosso corpo, nosso sentir.

 

Um processo de (re)aprendizado…

Corpos transfemininos podem sentir uma queda na libido e ter menos ereções (principalmente aquelas que acontecem ao acordar) do que se tinha antes do uso de bloqueadores e hormônios femininos. 

Os corpos são diversos e nem todas as mulheres trans relatam uma queda de libido ou a falta de ereções. Porém, sim, esse pode ser um efeito da terapia hormonal trans e por isso muitas meninas tem alguma dúvida sobre a perda de ereções, a falta de vontade de sexo… Principalmente aquelas que tomam para si o papel ativo. É importante lembrar que mesmo que algumas coisas mudem, existem mil e uma formas de estar no papel ativo, de sentir prazer e alcançar o gozo com o próprio corpo.  

Já quando falamos de Corpos transmasculinos, o que se nota é um aumento da libido, uma maior sensibilidade e crescimento do clitóris (o famoso bottom growth), além de um aumento da massa muscular. 

Há quem experimente uma menor lubrificação natural, e por isso passe a usar lubrificante com uma maior frequência. Sentir mais tesão também é comum e pode durar toda a vida ou só até os primeiros meses do início da TH. Com relação ao bottom growth, se o clitóris cresce ele pode gerar uma sensibilidade maior durante o sexo. Principalmente para aqueles que não o tinham tão grande assim antes dos hormônios. Isso cobra da gente um pouco mais de conhecimento da intensidade e do cuidado na hora do estímulo. As mudanças também ocorrem nos ciclos. Em alguns homens trans a menstruação pode cessar ou pode voltar esporadicamente.

Todas essas mudanças não são ruins. Elas fazem parte de um processo de reaprendizado do próprio prazer. Desde um toque que antes podia ser mais forte e que hoje se torna mais suave, até a experimentação com toys e acessórios que auxiliam na redescoberta desse momento.

 

A via de mão dupla…

E a informação serve pra educar pessoas além da comunidade trans. Serve para que afetos cis também entendam esse momento de transição  e aprendam a respeitá-lo e a caminhar junto com ele.

É assim que o mundo e as relações mudam e se tornam cada vez mais seguras para pessoas trans. Um lugar que vê além de genitália e do que somos designades ao nascer. Um mundo com afetos mais plurais.

 

Todos direitos reservados ® Escrito por Seth Zanette, colaborador da Climaxxx

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