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Tour Climaxxx das amarrações: vem entender o que é o Shibari

Tour Climaxxx das amarrações: vem entender o que é o Shibari

Amarrar ou ser amarrado, eis a questão.


O bondage, fetiche de restrição onde o Shibari se encaixa, é bastante comum. Muita gente já pensou em usar algumas algemas ou prender a pessoa parceira de alguma forma, até mesmo com cordas. E quando levamos isso a um nível mais artístico? Entre nós e cordas, surge o Shibari, essa técnica de amarração secular que remonta ao Japão dos guerreiros samurais.

No artigo de hoje vamos juntes descobrir como fazer aquela amarração que dá certo (e é consentida, claro). Acompanha a Tour que o babado é forte:


Então, começando do início: o que é Shibari?

Shibari, significa “amarrar”, é como é chamado um estilo de bondage moderna que se originou no Japão. Nela, uma pessoa é amarrada com cordas em posições e com padrões específicos que visam restringir e provocar certas sensações no corpo. Os padrões utilizados para amarrar a pessoa parceira são visualmente agradáveis, formando desenhos e posições estéticamente bonitas de olhar. Então, aqui vem uma coisa interessante de se lembrar: a estética dos nós e das cordas é uma das partes mais importantes.

É o mesmo que bondage? Qual a diferença?

Vamos imaginar o seguinte. O bondage (o B do BDSM) é um campo muito vasto. 

Nele, está incluso todo o tipo de jogo que leva consigo a ideia de restrição física, e nisso a gente pode incluir restrição com algemas, coleiras, fitas, mordaças e, também a restrição com corda.

Dentro do universo de restrição com corda, temos diversos estilos que podem ser praticados. Dentre eles o Bondage Japonês. Dentro do Bondage Japonês, temos outros vários estilos, dentre eles o Shibari.

diagrama exemplificando o universo de restrição com corda, do mais geral ao mais específico: BDSM, bondage, bondage japonês, shibari

Ou seja, podemos sim dizer que o Shibari é uma forma de praticar bondage dentro do BDSM, ainda que tenham origens distintas.

E as diferenças entre todos esses estilos de amarração vão desde o que se espera como efeito na parceria, até mesmo à aparência dos nós e das cordas no corpo. Por exemplo o Shibari, que vem de uma “tradição” de bondage Japonesa, prioriza uma estética menos regular, onde o ato e o percurso da amarração em si é o que importa, não tanto o que se vai fazer depois (se vai se fazer sexo ou não, spanking, etc). 

E o que é Kinbaku?

Bem, se você pesquisou sobre Shibari, é possível que também tenha se deparado com o termo Kinbaku. Tem gente que chama Shibari de Kinbaku, e em até certo nível, podemos considerá-los sinônimos. Apesar disso, existe quem diferencie os dois termos, como Yokimura Sensei. Para ele Kinbaku significaria “amarrar apertado”, quando os nós são mais apertados no corpo de quem está sendo amarrado, enquanto o shibari seria menos apertado.

Qual a história do Shibari?

Okay, então, agora que sabemos o que é o Shibari, quais as diferenças entre esse tipo de amarração e outras que ouvimos falar por aí, podemos seguir para a pergunta de ouro: de onde surgiu toda essa história de amarrar pessoas como fetiche?

Se formos remontar a história do bondage no Japão, as coisas começaram no período Edo (1600-1800), como uma técnica de restrição utilizada pelos samurais contra seus oponentes, chamada hojojutsu, que tem lugar até mesmo nas diversas lendas do folclore japonês, que pasmem, tem muita gente sendo amarrada. No século XX, começaram práticas mais modernas e mais parecidas com o que é hoje o Shibari. Ou seja, amarrações com fins eróticos.

Quem fez a virada e percebeu que essas amarrações poderiam também provocar prazer além da estética, foi o ilustrador e fotógrafo Seiu Ito (1882-1961), o pai do bondage Japonês.  Ito combinou essas influências para seus próprios objetivos, mudando o foco da tortura e do aprisionamento para o erotismo, a dominação e a submissão, e fundou as bases do que chamamos hoje de Shibari. 

No início, o trabalho de Seiu Ito visava representar através da litografia o tormento, a culpa e a vergonha da restrição física. A beleza dentro do sofrimento. Muitas das terminologias que são utilizadas hoje no shibari vem do trabalho dele. Foi a partir daí que o Shibari (Kinbaku) começou.


Antes de continuarmos, um minidicionário!

E por falarmos em termos e terminologias, é justo que a gente adentre um pouco nesse assunto. Pra quem não conhece, aí vai um minidicionário do Shibari. 

  • Rigger ou Top, ou Dom: é quem amarra;
  • Rope Bunny, só Bunny ou Bottom, ou Sub: é quem é amarrado;
  • Suspensão: ou Tsuri é quando a prática do Shibari acontece com o Bunny totalmente suspenso;
  • Suspensão parcial/semissuspenso: é quando o Shibari acontece de forma parcialmente suspensa;
  • Chão: ou Newaza, é quando o Shibari acontece no chão, sem suspensão nenhuma.

Mas por que ser amarrado ou amarrar é tão interessante?

Existem muitos motivos para experimentar o bondage e para experimentar o Shibari em específico. 

Primeiro, existe a possibilidade de tomar para si o controle de uma situação, assim como deixar o controle completamente de lado (alô controladores!). A chance de se deixar levar no play e ficar imobilizado, estar a mercê da pessoa parceira pode ser extremamente excitante. Bem como dominar a outra pessoa e saber que ela está confiando completamente em você.

Outro ponto interessante (e polêmico) é que o shibari pode ser uma maneira de treinar o mindfulness, principalmente do rigger. Isso porque quem faz os nós precisa estar completamente focado no que está fazendo. Para quem é bunny, as sensações da corda passando pelo corpo, a fricção do material em certos pontos erógenos e a restrição da musculatura podem causar excitação, bem como sensações de dor, vergonha e prazer.

A arte dos nós

Como se tudo isso não bastasse, ainda existem os fins estéticos. Não é incomum, por exemplo, que sejam realizados ensaios fotográficos inteiros utilizando o Shibari. De fato, o conjunto de nós e cordas são muito bonitos quando feitos nos padrões corretos (a gente vai ensinar a fazer alguns nós, segura aí!). 

A prática do Shibari em si não necessariamente precisa envolver sexo, penetração, ou qualquer coisa além da própria amarração. Se você e a pessoa parceira consentirem em sexo depois, aí é com vocês. Mas não é obrigatório. Você pode simplesmente querer testar uma série de nós pela simples diversão, pelo erotismo e pela estética.


Por onde começar no Shibari? 

Mas como começar nisso tudo? Onde aprendemos os nós? Qual corda devo comprar? Como funciona o Shibari na prática? Quem se interessa em começar a prática do Shibari, muitas vezes se pergunta por onde começar, já que existe muita coisa para aprender. 

Bem, comece sabendo que ninguém nasce sabendo dar nós complicadíssimos. Então seguir tutoriais e aprender nós básicos para depois pensar no avançado é o ideal. Isso quando você quer ter o papel de Rigger (quem amarra).

Para quem é amarrado, pode ser um pouco diferente (e até um pouco mais difícil de achar informação sobre). Aqui, vocês vão encontrar um pouco de aprendizado sobre o assunto e mais do que isso: indicações de onde expandir seus conhecimentos.


Uma dica para bunnys iniciantes

Antes de mais nada, não pare na primeira pesquisa. Veja performances, olhe fotos, entenda o que está acontecendo, o que pode acontecer e se você realmente quer tentar. Assim como Rigger, Bunnys também precisam fazer seus próprios estudos.

Entenda antes de mais nada os riscos de cada nó e cada performance. Por exemplo, se você tem interesse na prática de amarrações suspensas, entenda todos os riscos envolvidos nisso ANTES de tentar fazer. A ideia é que antes de passar pra essas práticas mais complexas, você comece pelo básico. Ou seja, pela amarração que acontece no chão mesmo.

E não deixe de falar com quem já pratica Shibari! Principalmente com pessoas que praticam o papel que você quer ter. Nada melhor do que a troca de experiências para entender o que pode funcionar, o que você quer tentar e o que você não quer chegar nem perto.

Preciso de uma pessoa parceira? Ou posso tentar sozinho?

É possível treinar e experimentar o shibari em si mesmo antes de partir para a troca com parceiros, e isso é extremamente aconselhável, até pra você sentir a força de seus próprios nós, e por isso treinar nas próprias pernas, por exemplo, é bastante interessante e uma boa ferramenta de auto estudo. É óbvio que algumas técnicas só conseguimos aprender quando existe o outro para testarmos. Além de ser mais divertido, podemos ver o resultado e ter a experiência emocional envolvida. Delícia.

Comece pelo básico

O Shibari tem de fato uma beleza enorme e ver as várias posições complicadas, com nós pelo corpo todo, pode te motivar a iniciar pelo mais complexo. Não faça isso. Começar pelo básico e saber fazer tudo direitinho antes de ir pro próximo nível é o segredo não só de uma play divertida, mas também segura para todos, uma vez que a técnica comprime a musculatura e também pode trancar a circulação sanguínea.  

Aprenda o básico bem e com o tempo teste outras formas de amarrar pessoas (ou de ser amarrado). A Amarração de coluna única é por onde geralmente se começa. Esse é um nó bem fácil de ser aprendido, com diversos tutoriais por aí (vamos ter o nosso em breve aqui na Climaxxx, fica de olho).


Segurança em primeiro lugar!

Todo play de BDSM tem seus riscos. Com o bondage e com o Shibari não seria diferente. É por isso que para começar nessa você vai precisar estudar bem e entender o que está certo ou não. Pesquisar sobre os nervos do corpo, por onde as cordas podem ou não passar é bastante interessante. Para isso, indicamos o manual em português do artista de Kinbaku La Quarta Corda, Safety Guidelines for Bondage. Ele é bem completo e te dá uma ideia geral do que pode ser um risco ou não na prática do Shibari e de outros tipos de amarração.

É pra doer ou machucar?

Não, o Shibari não é pra machucar. É possível que se sinta algum nível de desconforto. Mas se não for essa sua intenção, é totalmente possível comunicar para quem está te amarrando exatamente o que você quer ou não experimentar. Comunicação é, como sempre, a chave para tudo.

E quanto a marcas da pressão de cordas ou hematomas? Mais uma vez, é possível comunicar ao rigger se você as quer ou não. Se os dois consentirem de que as marcas da pressão da corda, por exemplo, não são um problema, então tudo okay. No geral, as marcas deixadas pela corda não ficam muito tempo no corpo.


O primeiro set de cordas

Quando experimentamos bondage com cordas, podemos escolher a que mais atende nosso desejo. Mas é importante contar com cordas de qualidade e com o tamanho correto. O indicado para seu primeiro set é uma corda com pelo menos 8 metros de comprimento, idealmente feitas de algodão. No caso do bondage no estilo Japonês, como se encaixa o Shibari, as cordas de juta são as mais utilizadas.


Expandindo os seus horizontes..

Quando falamos em Shibari, o estudo precisa continuar para além do básico. E para isso, contar com boas fontes de informação é essencial. Além de acompanhar aqui na Climaxxx nossa série de publicações sobre BDSM, fica aqui algumas dicas de artistas de Kinbaku/Shibari que publicam tutoriais e falam muito sobre esse tipo de play. O primeiro deles é o La Quarta Corda. No site desse artista você encontra desde tutoriais para iniciar no Shibari até mesmo indicações sobre como colocar em prática a comunicação com a pessoa parceira nas brincadeiras e até mesmo performances de Shibari do artista para você ter uma boa ideia de como é a prática. É um site bastante completo e que recomendamos muitíssimo.

Outro site que entra nas recomendações é o Twisted Monk. Ali você vai encontrar diversos tutoriais para iniciar no bondage com cordas. Apesar de não tão completo como o La Quarta Corda, é uma forma de acessar tutoriais muito interessantes para bondage.

Nossa Tour de hoje acaba por aí, mas a gente vai continuar falando sobre o assunto em mais alguns posts por aí. Então fiquem atentes!

 

Todos direitos reservados ® Escrito por Seth Zanette, colaborador da Climaxxx

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